O que são requisitos funcionais e não funcionais
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Quando o assunto é segurança da informação, a criptografia entra em cena como uma das ferramentas mais fundamentais. Ela é o que garante que dados sensíveis, como senhas, informações bancárias ou mensagens privadas, não fiquem expostos a quem não deveria ter acesso.

A ideia é simples: pegar um dado legível, transformar ele em algo completamente incompreensível e, só depois, permitir que alguém com a “chave certa” consiga entender o conteúdo novamente. É mais ou menos como escrever uma mensagem em código – só quem sabe decifrar vai conseguir ler.

O que muita gente não sabe é que existem diferentes formas de se fazer criptografia. As duas principais são: criptografia simétrica e criptografia assimétrica. E entender como cada uma funciona, onde são usadas e quais são suas limitações pode fazer toda a diferença, principalmente pra quem trabalha com desenvolvimento, infraestrutura ou segurança digital.

Antes de entrar nas diferenças entre elas, vale entender como cada tipo funciona na prática, começando pela criptografia simétrica.

O que é Criptografia Simétrica

A criptografia simétrica é o tipo mais antigo e, de certa forma, o mais direto. Ela se baseia em uma única chave que serve tanto para criptografar quanto para descriptografar uma informação.

Imagine duas pessoas trocando mensagens secretas. Elas combinam uma senha previamente (por exemplo, “123senha”). Essa senha é usada para embaralhar o conteúdo da mensagem antes do envio. Quem recebe a mensagem precisa usar exatamente essa mesma senha para conseguir ler o conteúdo original. Se alguém interceptar a mensagem mas não tiver a senha, só vai ver um monte de caracteres sem sentido.

Esse modelo é rápido e eficiente, principalmente quando se trabalha com grandes volumes de dados. Por isso, é bastante usado em sistemas que exigem performance.

Exemplos de algoritmos simétricos

Alguns dos algoritmos mais conhecidos de criptografia simétrica incluem:

  • AES (Advanced Encryption Standard): amplamente utilizado hoje em dia, considerado muito seguro.
  • DES (Data Encryption Standard): mais antigo, mas considerado obsoleto devido a falhas de segurança.
  • Triple DES (3DES): uma tentativa de reforçar o DES aplicando o algoritmo três vezes, mas também caiu em desuso.

Vantagens da criptografia simétrica

  • Desempenho: é muito mais rápida do que a criptografia assimétrica.
  • Simplicidade: o processo de codificação e decodificação é mais direto.
  • Boa escolha para grandes volumes de dados: ideal para criptografar arquivos, discos e conexões de rede (como VPNs).

Desvantagens da criptografia simétrica

  • Distribuição da chave: o maior problema é como garantir que a chave chegue de forma segura até quem precisa descriptografar a informação.
  • Escalabilidade: em sistemas com muitos usuários, manter e distribuir chaves únicas para cada comunicação vira um pesadelo.
  • Menor flexibilidade: como a mesma chave é usada nos dois lados, qualquer vazamento pode comprometer toda a comunicação.

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O que é Criptografia Assimétrica

A criptografia assimétrica veio para resolver justamente o maior problema da criptografia simétrica: a troca segura da chave. A ideia aqui é usar um par de chaves, uma pública e uma privada, que funcionam em conjunto, mas não são iguais.

Funciona assim: você tem uma chave pública que qualquer um pode ter acesso. Ela serve para criptografar os dados. Mas para descriptografar, só quem tem a chave privada correspondente consegue. Ou seja, mesmo que a chave pública seja amplamente divulgada, a informação continua segura, porque só a chave privada – que é mantida em segredo – pode decifrar o conteúdo.

Isso cria um cenário bem mais interessante quando se trata de comunicação segura. Dá pra enviar dados confidenciais sem precisar combinar previamente uma senha com o outro lado. Basta ter a chave pública da pessoa que vai receber.

Além disso, o modelo também é usado para assinaturas digitais, garantindo a autenticidade de quem enviou determinada informação.

Exemplos de algoritmos assimétricos

Entre os algoritmos mais conhecidos de criptografia assimétrica, temos:

  • RSA (Rivest–Shamir–Adleman): um dos mais utilizados até hoje, embora existam opções mais modernas.
  • ECC (Elliptic Curve Cryptography): mais recente e mais eficiente, oferecendo o mesmo nível de segurança com chaves menores.
  • DSA (Digital Signature Algorithm): usado mais para assinaturas digitais do que para criptografia propriamente dita.

Vantagens da criptografia assimétrica

  • Distribuição de chaves mais segura: como a chave pública pode ser divulgada sem medo, o processo de troca é mais simples.
  • Assinaturas digitais: permite validar a identidade de quem enviou a informação.
  • Segurança em ambientes abertos: ideal para sistemas onde não é possível confiar na troca inicial de dados, como a internet.

Desvantagens da criptografia assimétrica

  • Desempenho mais lento: é significativamente mais pesada que a simétrica, o que limita seu uso em grandes volumes de dados.
  • Mais complexa de implementar: requer cuidados extras com o gerenciamento das chaves, especialmente a privada.

Por causa dessas características, a criptografia assimétrica raramente é usada sozinha. Ela costuma ser usada junto da simétrica, como no caso de conexões HTTPS, onde a parte inicial da comunicação usa criptografia assimétrica só para trocar a chave da sessão, que depois será usada com um algoritmo simétrico mais rápido.

Principais Diferenças entre Criptografia Simétrica e Assimétrica

Agora que você já entendeu como cada uma funciona, vamos para o que realmente interessa: o que muda na prática entre uma e outra.

Abaixo, uma comparação direta:

CaracterísticaCriptografia SimétricaCriptografia Assimétrica
Número de chaves1 única chave2 chaves (pública e privada)
DesempenhoMais rápidoMais lento
ComplexidadeMais simplesMais complexa
Troca de chavesRequer canal seguroChave pública pode ser compartilhada abertamente
EscalabilidadeDifícil de escalar em sistemas grandesMais escalável
Uso comumCriptografia de dados em massa, VPNsSSL/TLS, e-mails seguros, assinaturas digitais

Casos de uso indicados para cada tipo

Criptografia simétrica:

  • Criptografia de arquivos locais
  • VPNs
  • Backup de dados
  • Comunicação interna entre sistemas

Criptografia assimétrica:

  • SSL/TLS (HTTPS)
  • Assinaturas digitais de e-mails ou documentos
  • Troca de chaves segura
  • Autenticação baseada em certificados

Cada uma tem seu papel. Em muitos sistemas modernos, as duas trabalham juntas: a assimétrica entra na frente, para proteger a troca da chave, e depois a simétrica assume, para garantir velocidade no tráfego de dados.

Quando Usar Criptografia Simétrica ou Assimétrica

Escolher entre criptografia simétrica e assimétrica não é só questão de preferência, e sim de entender o cenário em que você está atuando. Cada uma tem vantagens e limitações, e saber o momento certo de usar cada tipo é o que separa um sistema bem projetado de uma gambiarra insegura.

Cenários práticos

  • VPN (Virtual Private Network): aqui, a criptografia simétrica é quem manda. Como o foco é proteger um túnel de dados constante e de alto volume, faz mais sentido usar uma criptografia rápida. A chave pode ser trocada de forma segura no início da conexão, e depois só se usa simétrica pra garantir desempenho.
  • SSL/TLS (HTTPS): esse é um caso clássico onde as duas são usadas juntas. O início da comunicação, chamado de “handshake”, usa criptografia assimétrica para trocar a chave da sessão. Depois disso, tudo que trafega entre o navegador e o servidor passa a ser criptografado com uma chave simétrica — mais rápida e eficiente.
  • E-mails com GPG ou PGP: aqui, a criptografia assimétrica se destaca. Você criptografa o e-mail com a chave pública do destinatário e ele só consegue abrir com a chave privada dele. Também é possível assinar o e-mail com sua chave privada, garantindo autenticidade.
  • Autenticação com certificados: quando você usa um certificado digital para autenticar uma pessoa, um sistema ou um servidor, está lidando com criptografia assimétrica. O certificado contém uma chave pública e é validado contra uma autoridade certificadora (CA).

Combinação dos dois tipos

Na prática, os sistemas mais seguros usam os dois tipos de criptografia. A assimétrica entra no início da conversa, garantindo que a troca da chave aconteça de forma segura, mesmo em redes inseguras como a internet. Depois, a simétrica assume o papel de proteger o conteúdo que será transmitido dali em diante.

Esse modelo híbrido é a base de praticamente toda comunicação segura na internet hoje. Ele junta o melhor dos dois mundos: segurança na troca de chaves e desempenho na transmissão dos dados.

Criptografia no Mundo Real

Falar de teoria é importante, mas nada como ver onde isso tudo acontece na prática. E a verdade é que você já está usando criptografia todos os dias — muitas vezes sem nem perceber.

Exemplo prático de uso no HTTPS

Quando você acessa um site que usa HTTPS, está fazendo uma conexão segura com o servidor. Essa segurança começa com um handshake TLS. Nesse processo:

  1. O navegador pede o certificado digital do servidor.
  2. O servidor envia o certificado, que contém sua chave pública.
  3. O navegador verifica a validade desse certificado com uma autoridade certificadora.
  4. Depois, ele usa a chave pública do servidor para enviar uma chave de sessão (simétrica).
  5. A partir daí, toda a comunicação passa a ser criptografada com essa chave simétrica.

Ou seja, o site está usando criptografia assimétrica no início e simétrica no resto da conexão.

Esse processo é transparente para o usuário final, mas essencial para proteger dados de login, transações bancárias, e até os cookies da sua sessão.

Aplicações em apps de mensagem

Outro exemplo muito presente no dia a dia é em apps de mensagem como o WhatsApp. Ele usa um sistema de criptografia ponta a ponta baseado no protocolo Signal, que combina os dois tipos de criptografia.

O funcionamento, em resumo:

  • Cada usuário tem um par de chaves (pública e privada).
  • Quando você envia uma mensagem, o app usa a chave pública do destinatário para criptografar a mensagem.
  • O app também troca chaves temporárias para comunicação simétrica durante uma conversa.
  • A chave privada do destinatário é usada para decifrar o conteúdo.

Isso garante que nem mesmo os servidores do WhatsApp consigam ler o conteúdo das mensagens. Só você e a pessoa do outro lado têm as chaves certas.

Esse tipo de implementação mostra como a criptografia não é só coisa de hacker de filme ou de sistemas bancários. Ela está em tudo — no seu navegador, no seu app de banco, nas suas mensagens. E entender como ela funciona ajuda não só na segurança, mas também na hora de desenvolver sistemas mais robustos e confiáveis.

Conclusão

A criptografia, apesar de parecer um tema distante para quem não trabalha com segurança da informação, está presente em praticamente tudo que envolve troca de dados online. Do site que você acessa ao app de mensagens que você usa, tudo depende de técnicas de criptografia bem implementadas para garantir privacidade e segurança.

A criptografia simétrica é mais simples e rápida, mas depende de uma troca de chave segura. Já a criptografia assimétrica resolve esse problema ao usar duas chaves distintas, mas tem um custo de desempenho maior. Por isso, os sistemas mais seguros hoje fazem uso das duas em conjunto: usam a assimétrica para trocar a chave e a simétrica para o tráfego pesado.

No fim das contas, não existe “a melhor criptografia”. O que existe é o uso correto de cada tipo, dentro do contexto certo. E isso faz toda a diferença entre um sistema confiável e um que pode ser comprometido com facilidade.

FAQ – Perguntas Frequentes

Qual é mais segura: criptografia simétrica ou assimétrica?
Ambas são seguras quando bem implementadas. A diferença está no uso: simétrica é mais rápida, mas depende da troca segura da chave; assimétrica resolve esse problema, mas é mais pesada. Em termos de segurança teórica, as duas são robustas. O que mais importa é como você implementa.

Posso usar só uma delas?
Pode, mas não é o ideal. Se for usar só simétrica, você precisa garantir um canal seguro para trocar as chaves. Se usar só assimétrica, vai ter problemas de desempenho. O caminho mais comum (e mais seguro) é usar as duas juntas, como em conexões HTTPS.

A criptografia pode ser quebrada?
Sim, toda criptografia pode ser quebrada em teoria, mas na prática, os algoritmos atuais (como AES ou RSA com chaves de tamanho adequado) são considerados seguros contra ataques com a tecnologia atual. O que mais enfraquece um sistema criptográfico hoje não é o algoritmo, e sim a má implementação, chaves fracas, ou falhas humanas.

Se você estiver desenvolvendo qualquer sistema que lida com dados sensíveis, entender a diferença entre simétrica e assimétrica já te coloca alguns passos à frente. E mais importante: saber quando e como usar cada uma é o que vai garantir que sua aplicação esteja realmente protegida.

Leia também: Requisitos funcionais e não funcionais

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